sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desafios, desaforos e solidão com fritas

Campo Novo do Parecis, Janeiro e Fevereiro de 2014.



Passamos mais tempo em Campo Novo do Parecis, mas nem pareceu, foi um período muito bom. A cidade tem um grupo de teatro que se juntou ao circo enquanto estávamos por lá e isso rendeu alguns laços de ternura que com o tempo e a distância foram se dissolvendo... é triste mais é real... não falo de Flora, falo de mim... Flora apenas viajava, sem nenhum esforço, penso eu. Mas realmente não vi, nem percebi ela sentindo falta de pessoas ou de espaços/ambientes, além do circo... por enquanto. Foi aqui nesta cidade que fomos à primeira aldeia, a Bacaval (vai ter post sobre...)

Ficamos, Flora, Pacelli e eu morando perto do circo, na verdade, nossa paisagem da janela, bem no cantinho, era o circo que estava numa grande praça com árvores de Jamelão e outras menores de manga, nos esbaldamos no jamelão. Do outro lado da praça, na esquina, tinha uma padaria que virou um ponto de encontro matinal e vespertino da galera do circo. Em relação à vida artistica de Flora, ela avançou muito nas imitações dos artistas. Ela imita as bailarinas, o pirofagista Hyou Drako, o mágico Jack e os palhaços Espaguete e Ferrugem, além de seguir amando o trapezista Yuri Saulo. Por isso, não por acaso, ela preferia muitas vezes ir ao circo do que ao parquinho.

Diálogo mamafloristico:
-eu: Vamos pro parquinho! (toda feliz para enfatizar a importância)
-Flora: Paquinho fechado mamãããe! (com todo o poder da argumentação)
-eu: hã :o... Está aberto Florita!
-Flora: Fechaaaado mamãããe... Quê cico!
Aí fomos para o circo...

Explico: em Campo Novo do Parecis o parquinho da praça central abria as 16:00 e fechava as 22:00... sempre que ela pedia para ir no parquinho e eu tinha que dizer... a verdade, né?

Mas nem por isso fomos menos no parquinho. .. íamos muito! Tanto no de chão cimentado, quanto no de terra. Ela conseguiu superar o medo de túneis e os parquinhos eram mega completos, para meus padrões. Mas este parquinho trouxe outros desafios para mim também.  Foi lá que ela levou o primeiro tapa de outra criança e  ficou com aquela carinha de "por que?". Eu só pude ver de longe e sair correndo para salvá-la e fugir o mais rápido possível,  levando um desaforo do tamanho "dum elefante" para casa. Eu sei, eu sei,  eu tive culpa! Eu deixei a situação chegar no limite, pensei que elas iriam se entender... crianças se entendem. Que nada! Flora ainda é pequena demais e só abraços e seguidora dedicada, as vezes, outras crianças não aguentam, ficam chateadas e se estiverem numa turminha, ainda mais. Então comecei a ficar mais atenta e à instruir Flora como proceder em alguns casos.

Segundo uma irmã minha, mãe de dois, temos que agir observando duas situações: uma com crianças conhecidas e outra com desconhecidas. Como não havia crianças conhecidas por perto eu  não podia deixar o estramento entre as crianças e Flora se prolongar e interferir rápido. Mas, felizmente, eu não tive mais problemas com isso. Conversei com Flora e disse que quando alguém batesse nela e dissesse que não pode e que se afastasse. Isso resolveu por um tempo.

E a solidão? A minha solidão foi alimentada com batata frita, depois estávamos nós duas comendo fritas e logo depois a solidão me devorou inteira!
E foi assim,  quando me vi, estava tão sozinha e com problemas tão meus e que ninguém mais entenderia que eu não tinha como reclamar,  mas eu reclamava!!!  Pacelli escutava ora pacientemente, ora sem entender nada... e eu sentia que quando saiam palavras da minha boca tudo parecia bobo. Então eu tentei ficar calada e ela foi me corroendo... pensei, vou fazer um blog, pensei mesmo. Mas apenas pensei.

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